quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Consciência Negra


O Dia da Consciência Negra é comemorado em 20 de novembro como forma de homenagem a Zumbi dos Palmares, um dos maiores heróis da história do Brasil. A data marca o dia de sua morte, ocorrida no ano de 1695, por ocasião da guerra travada entre o governo brasileiro e os negros inseridos no Quilombo dos Palmares.
Quilombos eram locais de refúgio para escravos no Brasil. Geralmente eram estabelecidos em locais de difícil acesso, embrenhados em matas, florestas ou montanhas. O mais famoso dos quilombos foi o de Palmares - localizado na Serra da Barriga, região pertencente ao atual estado de Alagoas -, criado no início do século 17.
Os relatos históricos existentes são muito controversos e pouca certeza há na origem de Zumbi. Isso se deve ao fato de que os relatos acerca de sua vida foram feitos por seus inimigos: os colonos e portugueses que se puseram a combatê-lo, pagos por senhores escravagistas. Entre as diversas versões, conta-se que era um chefe africano trazido à força para ser escravo, ou um homem livre que nasceu em Palmares, ou ainda um filho de escravos que foi criado por um padre até os 15 anos, tendo aprendido a ler, a falar e a escrever em português e em latim.
O que se sabe com mais certeza é que Zumbi foi o grande líder do Quilombo dos Palmares. Sua lendária imagem o apresenta como um homem forte, orgulhoso e inconformado com sua condição social, que resolveu enfrentar aqueles que torturavam seu povo.
Palmares, durante quase todo o século 17, foi alvo de mais de 40 incursões militares, que buscavam terminar com o quilombo. Afinal, a autonomia dos negros ameaçava a hegemonia dos senhores de engenho, pois seguidamente seus escravos fugiam para a Serra da Barriga, ou eram libertos por guerreiros quilombolas, em expedições ocasionais.
Durante
o tempo em que liderou seu povo contra a ganância e o ódio dos escravagistas, Zumbi organizou uma resistência poderosa, que conseguiu manter a estabilidade do quilombo por muitos anos. Em 1694 e 1695, ocorreu uma verdadeira cruzada contra Palmares. O drama finalmente terminou quando o mulato Antônio Soares (ex-companheiro de Zumbi que foi capturado e torturado pelos expedicionários paulistas), atraiu o grande líder para uma emboscada e apunhalou-o no estômago, dando sinal para os paulistas avançarem. Zumbi lutou até o fim.
Depois disso, muito da história se perdeu, mas a história legendária de Zumbi permaneceria. Foi citado pelos abolicionistas, no século 19, como grande herói e mártir.
A partir da década de 1980 novos estudos buscaram traçar a real identidade de Zumbi e dos quilombolas e, em 1995, a data da morte do maior herói negro e símbolo da liberdade foi adotada como o Dia da Consciência Negra.
Fontes: registros do site do Parque Memorial Quilombo dos Palmares
Zumbi (a Felicidade Guerreira)

Zumbi, comandante guerreiro
Ogunhê, ferreiro-mor capitão
Da capitania da minha cabeça
Mandai a alforria pro meu coração

Minha espada espalha o sol da guerra
Rompe mato, varre céus e terra
A felicidade do negro é uma felicidade guerreira
Do maracatu, do maculelê e do moleque bamba

Minha espada espalha o sol da guerra
Meu quilombo incandescendo a serra
Tal e qual o leque, o sapateado do mestre-escola de
samba
Tombo-de-ladeira, rabo-de-arraia, fogo-de-liamba

Em cada estalo, em todo estopim, no pó do motim
Em cada intervalo da guerra sem fim
Eu canto, eu canto, eu canto, eu canto, eu canto, eu
canto assim:

A felicidade do negro é uma felicidade guerreira!
A felicidade do negro é uma felicidade guerreira!
A felicidade do negro é uma felicidade guerreira!

Brasil, meu Brasil brasileiro
Meu grande terreiro, meu berço e nação
Zumbi protetor, guardião padroeiro
Mandai a alforria pro
meu coração
(by: Gilberto Gil)

Sugestão de situações de aprendizagem:
1. A partir da leitura do poema questionar: Quais os heróis negros que conhecemos da história do Brasil? Por que os heróis nunca são negros?
Na história que conhecemos, negou-se o protagonismo de homens e mulheres negras. Buscando resgatar o que foi ocultado, faça uma pesquisa sobre personalidades negras. Sua contribuição na arte, na literatura, na política, nas ciências etc. Sites: www.acordacultura.org.br ; www. mec. org.br ; revista nova escola. Despertar a turma para a diversidade da raça humana e promover o respeito pelas diversas etnias.
Cada grupo prepara uma apresentação, com os recursos disponíveis e muita criatividade.
2.Definição de racismo, discriminação e preconceito.
3. Apresentar o herói Kiriku, do filme Kiriku e a Feiticeira. O desenho animado se passa na África e todas as personagens são negras. Assistir ao filme, reescrever a história e a sinopse e fazer resenhas. Em seguida pedir um exercício de comparação com os contos de fadas tradicionais e o levantamento das características desse gênero literário. Para começar, lançar a pergunta: por que não vemos personagens negras em outras histórias? Lembrar de algumas, como o Negrinho do Pastoreio, o Zumbi e Tia Nastácia. Qual a diferença entre eles e Kiriku? "Ele é um herói". A próxima atividade pode ser de leitura de livros cujas personagens principais são negras, como A princesa Violeta de Veralindá Menezes, Menina Bonita do Laço de Fita, Ana Maria Machado.
Em seguida as crianças pesquisam em jornais e revistas reportagem sobre pessoas negras em destaque. Mostrar fotos e histórias de grandes ícones brasileiros negros, como o professor Milton Santos, Gilberto Gil, Benedita da Silva, Machado de Assis, entre outros.
Leitura para fundamentação e reflexão:

Na Balaiada e na Cabanagem,Revolução Farroupilha, a participação de negros foi importante não só em termos numéricos como também em termos de liderança. Na Balaiada, por exemplo, dois dos seus líderes negros vão ter importância fundamental: Raimundo Gomes e Cosme Bento das Chagas.

No final do século XIX e início do XX, outros personagens negros marcaram o pensamento brasileiro. Entre eles: Tobias Barreto, jurista, poeta e filósofo; os filósofos Tito Lívio de Castro e Farias Brito; o romancista Teixeira e Souza; a poetisa Auta de Souza; o psiquiatra Juliano Moreira; o teólogo e poeta Dom Silvério Gomes Pimenta; a romancista Maria Firma dos Reis; e Machado de Assis; entre outros.

Na República Velha e na Nova, o negro continuou sem o acesso pleno à cidadania e sem poder político representativo. Eram discriminados no trabalho e não controlavam o acesso às instituições. Em 1919, houve uma greve geral na Cervejaria Brahma feita pelos condutores de veículos, todos os portugueses que lá trabalhavam ou os brancos de pele foram readmitidos quando finda a reivindicação pelos funcionários. Já com negros, muitos foram demitidos e outros tantos continuaram a receber salário inferior aos demais.

Para a Assembléia Constituinte de 1934 foi eleita deputada classista a datilógrafa Almerinda Gama, operária negra do Rio de Janeiro. Ainda neste ano de 1934, foi eleita também a primeira deputada estadual negra, na ocasião das primeiras eleições em que as mulheres brasileiras puderam votar e serem votadas. Foi uma resposta ao vigoroso movimento feminismo brasileiro, que bravamente havia lutado pelo direito ao voto, Antonieta de Barros foi eleita pelo Partido Liberal Catarinense para a Assembléia Legislativa de Santa Catarina, ela era também jornalista, escritora e educadora.

Em 1975, na segunda onda feminista no Brasil que impulsiona candidaturas de negros e a criação de associações de negros e negras. Porém, uma que se deve ressaltar é Benedita da Silva, a primeira negra a atingir os mais altos cargos da história do Brasil: vereadora; deputada federal constituinte, reeleita para um segundo mandato em 1990; senadora, em 1994, com mais de 2 milhões e 400 mil votos; vice-governadora no pleito de 1998; governadora, em 2002; e autora do projeto que inscreveu Zumbi dos Palmares no panteão dos heróis nacionais.

Milton Santos

Apesar de formado em Direito, o professor doutor Milton Santos foi o geógrafo brasileiro de maior reconhecimento fora do país. Sendo que, em 1994, recebeu o Prêmio Vautrin Lud, considerado o "Nobel" da Geografia.

Por causa de suas posições políticas, acabou sendo demitido da Universidade Federal da Bahia, foi preso e teve que se exilar. No exterior, lecionou nas universidades de Paris (França), Columbia (EUA), Toronto (Canadá) e Dar Assalaam (Tanzânia). Também foi professor na Venezuela e Reino Unido, somente voltando ao Brasil em 1977.

Entre suas obras mais importantes estão: "O Centro da Cidade de Salvador" (1959); "A Cidade nos Países Subdesenvolvidos" (1965); "O Espaço Dividido" (1978); "Espaço e Sociedade" (1979); "Espaço e Método" (1985); "A Urbanização Brasileira" (1993); "Por uma outra Globalização" (2000). Fonte: http://www.tvbrasil.org.br/consciencianegra/

4. Para sistematizar as aprendizagens criar um jornal para divulgar como notícia as informações coletadas. Extra, Extra...


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